Após um ano de 2021 especial, considerado até mesmo ‘fora da curva’, o mercado imobiliário deve seguir aquecido em Curitiba ao longo do ano de 2022. É isso o que demonstram dois estudos diferentes, um feito pelo Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Mercado Imobiliário e Condominial (Inpespar), pertencente ao sistema Secovi-PR, e outro realizado pela Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, empresa de pesquisa e consultoria em negócios.

“Todos os índices apurados em 2021 são mais expressivos do que os obtidos em 2019 e também em 2020”, explica o presidente do Inpespar e vice-presidente de Economia e Estatística do Secovi-PR, Jean Michel Galiano. “É uma realidade tanto para o mercado de locação quanto de venda de usados e, da mesma forma, para os residenciais e comerciais”, completa ele, ressaltando ainda que as expectativas para 2022 são muito boas, uma vez que há demanda reprimida para a aquisição da casa própria, recursos e produtos disponíveis. Trata-se, portanto, de um ano que conta com uma série de variáveis positivas que vão ajudar esse segmento do mercado.

O estudo da Ademi-PR, por sua vez, identificou que 2022 terá, novamente, um ritmo intenso de lançamentos, com destaque para os imóveis de alto padrão e foco especial nas regiões do Bigorrilho e do Batel. Dessa forma, o aquecimento verificado no ano passado se manterá, com o volume de licenciamento de alvarás (que só nos primeiros meses do ano passado registrava salto de 150% em relação a 2020) tendendo a continuar acelerado, numa demonstração da confiança entre construtores e incorporadores.

Vendas de usados e locações residenciais apresentam melhores resultados da série

Para se ter uma ideia dos bons resultados do ano passado, o índice da Venda de Usados Sobre Oferta (VUSO) residencial cravou em 2021 média de 6%, a maior desde o início da série histórica (2013) do Inpespar e praticamente o dobro do apresentado desde 2015, quando a média estava em 3,1%. Em 2019, o índice estava na casa dos 2,8% e em 2020, 3,8%.

O comportamento do VUSO de terrenos também mostra um cenário muito parecido e que pode ser explicado pela aquisição de landbank por parte de incorporadoras e particulares, culminando na geração de emprego e renda por meio da construção civil. Em 2021, a média ficou na casa de 4,6%, também a maior desde o início da série histórica (2013). Em 2019, a média apurada foi de 2,1%. No ano seguinte, ficou em 3,3%.

A média anual do índice de Locação sobre Oferta (LSO) Residencial também teve o melhor resultado desde 2013: atingiu exatos 19,2%. Foram dois pontos percentuais acima do então maior resultado obtido desde o início do levantamento, que ocorreu em 2019, quando o índice atingiu a média de 17,2%.

“Eu creio que veremos dados ainda melhores em 2022, pois com a evolução da vacinação ficaremos cada vez mais longe de movimentos de fechamento [lockdown] e, com isso, veremos a economia girar e reaquecer, independentemente do que possa acontecer com a política, por exemplo, já que 2022 é ano eleitoral”, frisa o vice-presidente de Locação do Secovi-PR, Leonardo Baggio, completando que a iniciativa privada precisa dar continuidade à vida e aos negócios, para além de questões políticas.

‘Celeiro de produtos inovadores’ no mercado de luxo e superluxo

O estudo da Ademi-PR cita ainda Curitiba como ‘celeiro de produtos inovadores’ em unidades de luxo e superluxo, sendo que em 2021 o segmento se destacou, inclusive, pela velocidade nas vendas. “A cidade está em um patamar invejável em termos de qualidade arquitetônica”, sublinha o presidente da Ademi-PR, Luiz Gustavo Salvático.

Entre as regiões, Bigorrilho e Batel despontam entre os principais focos das construtoras e incorporadores. Na avaliação da Ademi-PR, a alteração recente na legislação de uso e ocupação de solo da cidade (sancionada em 2019) fomenta o desenvolvimento de “novos eixos” de empreendimentos imobiliários nesses bairros, que apresentam uma tendência de apartamentos de alto padrão, mas em edifícios baixos, entre seis e oito pavimentos, em média.

Sobre preços, o aumento dos custos de produção deverá impactar na definição dos valores das novas unidades. Dessa forma, a perspectiva é a de que as construtoras e incorporadoras se foquem em empreendimentos destinados a um público com maior poder aquisitivo. Resulta daí, também, a tendência de maior concentração dos lançamentos nos segmentos de luxo e superluxo, ou seja, apartamentos com preço a partir de R$ 1 milhão.

Registros de imóveis

Cartórios registram alta de 36% nas escrituras de compra e venda

Outra evidência sobre o quão aquecido está o mercado imobiliário diz respeito às escrituras de compra e venda de imóveis, com os Cartórios de Notas do Paraná tendo registrado aumento de 36% nos atos negociais envolvendo propriedades no Paraná.

Os dados, compilados pela Central de Serviços Eletrônicos do Colégio Notarial do Brasil (Censec), mostram que entre junho de 2020 e maio de 2021 foram registrados 166.617, em comparação a 121.767 entre jnho de 2019 e maio de 2020. Um dos fatores que ajudaram nesse aumento expressivo, inclusive, foi o lançamento da plataforma e-Notariado (www.e-notariado.org.br), em junho de 2020, uma ferramenta que permite a prática de atos notariais em meio eletrônico.

Não à toa, quando se compara o ano completo de 2021, primeiro no qual a plataforma eletrônica de atos notariais esteve disponível durante os 12 meses, o crescimento em âmbito estadual foi de 23,65% em relação ao ano anterior (176.253 x 142.540), maior aumento já registrado na série histórica iniciada em 2007. Já na comparação em relação à média dos últimos 10 anos (2010 – 2020), o ano que se encerrou registrou aumento de 18% no total de atos de compra e venda de imóveis praticados.

Fonte: Bem Paraná

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *