Maringá (PR) – A Associação dos Registradores de Imóveis do Paraná (Aripar) divulgou, na última segunda-feira (05/08), um estudo inédito sobre o mercado imobiliário da cidade de Maringá (PR). O projeto Indicadores do Registro Imobiliário é uma iniciativa que publica mensalmente os dados do mercado imobiliário a entes públicos e privados, e que no Paraná é coordenado pela Associação dos Registradores de Imóveis do Paraná (Aripar), com suporte técnico da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) e apoio oficial do Ministério da Economia.

Em entrevista, o coordenador de pesquisas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), Eduardo Zylberstajn, explica como o relatório é feito, a importância da entrada do Estado do Paraná no projeto e os resultados apresentados no relatório.

Como surgiu essa parceria entre o registro de imóveis e a Fipe?

Essa é uma conversa que começou em 2012. A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) produz uma série de indicadores do mercado imobiliário. Mas, no mundo todo, a principal fonte dos dados sobre o mercado imobiliário é o registro de imóveis. Porque é no registro de imóveis que todas as transações são formalizadas. Ou seja, é acompanhando o movimento dentro do registro de imóveis que se acompanha o mercado. Então, a Fipe sempre teve um interesse de obter mais dados sobre o tema e foi assim que começamos a conversar com as entidades.

E qual a importância da criação dos Indicadores do Registro Imobiliário?

O mercado imobiliário é o principal mercado em qualquer economia minimamente desenvolvida. A divulgação de indicadores permite que esse mercado funcione melhor, porque todos os que participam dele (compradores, vendedores, proprietários, investidores etc.) ficam em melhores condições para tomarem decisões. Portanto, é um ganho para todo o país o desenvolvimento deste estudo.

E quais são os dados que o registro de imóveis envia para a Fipe e como essas informações são tratadas?

Eles enviam para um banco de dados todas as operações imobiliárias registradas nas serventias. Já a Fipe acessa esse conteúdo e realiza uma análise comparativa dos dados. Ou seja, é documentada a evolução e a quantidade de transações realizadas e esse processo é essencial para entendermos e termos um termômetro da atividade do setor. Todo o estudo é feito com base nos dados do registro de imóveis, pois não há nenhuma outra fonte neste levantamento.

Quando os Indicadores do Registro Imobiliário foram lançados, no início deste ano, houve uma ação conjunta com o Governo Federal, destacando como esses dados podem ajudar na avaliação do Brasil dentro do Doing Business. Como isso é possível?

O ranking Doing Business é um estudo realizado pelo Banco Mundial e que é considerado um balizador da facilidade de se fazer negócios em diversos países do mundo. E, entre as perguntas feitas dentro dele, estão algumas cuja respostas mudam com a divulgação dos Indicadores do Registro de Imóveis. Existe, por exemplo, uma pergunta explícita sobre se existem estatísticas oficiais da quantidade de negócios imobiliários no país. Então, com esse movimento dos registradores de imóveis, o Brasil vai conseguir responder a esse questionamento do Doing Business de uma forma diferente, o que deve contribuir com uma melhora do Brasil dentro do ranking. Além disso, só o fato do Doing Business ter esse tipo de questionamento na metodologia do ranking já evidencia a importância de se entender o que acontece no mercado imobiliário. Ou seja, o acompanhamento da saúde do mercado imobiliário é crucial e a participação do Governo Federal no lançamento dos Indicadores do Registro Imobiliário mostra justamente a importância desses dados.

E o que você pode falar sobre esse novo relatório dos Indicadores do Registro Imobiliário, agora com a participação da cidade de Maringá (PR)?

Falando especificamente de Maringá, o primeiro ponto a se destacar é que a entrada do município no relatório não é importante apenas por aumentar o número de dados disponíveis sobre o mercado, mas também é essencial para compreendermos as diferenças dos mercados imobiliários regionais do país e como eles se comportam – já que Maringá é uma cidade muito importante no Estado do Paraná e é bem diferente de São Paulo e Rio de Janeiro. Falando especificamente sobre os dados, o que vemos em Maringá, é um cenário bem parecido ao apresentado em São Paulo. Quando olhamos para 12 meses, nós vemos um crescimento, mas não é um crescimento monotônico, há oscilações e que são consideradas normais. Então, você tem um crescimento de 3,4% nas operações de compra e venda e um crescimento de 6% no total de operações.

O relatório apresenta números diferentes quando há ajustes sazonais e quando não há ajustes sazonais. O que são esses ajustes?

O ajuste sazonal é um tratamento estatístico nos números relacionados a eventos típicos de determinados períodos do ano. Em janeiro, por exemplo, há férias. Fevereiro também há menos operações por conta do carnaval. Então, esses são comportamentos esperados e que devem ser considerados quando realizados esses tipos de estudos comparativos. Porque, por exemplo, se normalmente a média de operações em janeiro caem 5% e neste ano caíram 1%, na realidade, os dados deste ano mostram um aquecimento do mercado. E os dados que apresentamos no estudo sobre Maringá tem o ajuste sazonal, porque vemos uma queda nas operações de 2,5% sem o ajuste sazonal. Mas quando fazemos o ajuste, evidenciamos um aumento nas operações.

Fonte: Assessoria de imprensa