Foi apenas em 1967, após aprovação em concurso público, que a primeira mulher assumiu a titularidade de um cartório de registro de imóveis no Brasil. Léa Emília Braune Portugal é titular do 2º Registro de Imóveis de Brasília há mais de 55 anos. De lá para cá, as mulheres em defesa de seus direitos conquistaram diversos espaços. Na Aripar, criada em 2017, foi uma mulher que assumiu a presidência já na segunda gestão, Mariana Carvalho Pozenato Martins, titular do 2º Registro de Imóveis de Curitiba, foi presidente da associação até 2021 e deixou o seu legado.

Por isso, em uma iniciativa em alusão ao Dia Internacional da Mulher, celebrado no dia 8 de março, a Associação dos Registradores de Imóveis do Paraná (Aripar) reafirma a importância do papel das mulheres na sociedade, em especial para a contribuição e o avanço do registro de imóveis no país.

A Aripar é uma instituição que reconhece a dedicação das mulheres no exercício das atribuições do registro de imóveis e hoje destaca a importância do reconhecimento da força feminina nos espaços de poder e liderança, contribuindo com o país na luta frente às desigualdades de gênero. Enfrentar esses desafios é fazer história e contribuir com a democracia brasileira, tendo em vista que a pouca ou inexistente representação das mulheres nos espaços de poder ocasiona em uma disparidade histórica e àquelas que lutaram e conquistaram seus espaços ainda são acometidas pela sub-representatividade.

A contribuição das mulheres para a Aripar

Hoje, o registro de imóveis paranaense conta com um quadro extenso de mulheres assumindo postos de liderança. São 73 cartórios que tem mulheres como titulares. Mulheres que conquistaram seu lugar no registro de imóveis por terem se dedicado à função, desempenhando seus papéis de forma eficiente, além de superarem barreiras impostas, o que contribuiu para a paridade de gênero na profissão.

Mariana Belo Rodrigues Buffo, diretoria de uniformização e procedimentos da Aripar, iniciou sua carreira como assessora jurídica da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas (SP) e ao concluir a graduação em Direito foi convidada a permanecer no jurídico da Secretaria de Saúde. “Da mesma forma que eu evoluía, também se desenvolvia o departamento jurídico”, contou.

Mariana Belo Rodrigues Buffo

Mariana se apoiou no firme propósito de organização, eficiência na prestação dos meus serviços e na missão de ensinar sobre noções básicas do Direito, o que a desenvolveu no âmbito profissional com uma significativa carreia nesta secretaria, até a aprovação no 9º Concurso Público para Outorga das Delegações de Notas e de Registro do Estado de São Paulo. “Muitas mulheres fortes foram importantes na minha formação. Não há como relacionar todas elas, mas é possível ver cada uma delas no que eu sou hoje”, relatou.

Diretora executiva da Aripar, Renata da Costa Luz Pacheco Moutinho é tesoureira da associação e foi aprovada no primeiro concurso público de ingresso na atividade notarial e registral do Paraná, encerrado em 2008. Após aprovação no segundo concurso público de remoção na atividade notarial e registral do Paraná, em 2017 assumiu o 1º Registro de Imóveis de Pato Branco (PR). A registradora faz parte da Aripar desde o início da Associação. “A associação vem atuando ativamente na defesa e aperfeiçoamento constante da nossa atividade”.

Renata da Costa Luz Pacheco Moutinho

Para Caroline Feliz Sarraf Ferri, diretora de qualidade, comunicação e eventos da Aripar, “atuar como registradora imobiliária é uma realização pessoal e profissional”.  A registradora do 1º Registro de Imóveis de Londrina (PR) conta que é honrada pela funcionalidade social de sua atividade como registradora imobiliária. “Tenho certeza que exercemos um importante papel inspirador para as gerações futuras no sentido de que as mulheres podem estar onde quiserem, em cargos de liderança inclusive”, disse.

Caroline Feliz Sarraf Ferri

Em janeiro de 2017, Mariana assumiu a delegação do 2º Registro de Imóveis de Campo Mourão (PR), se tornando, segundo ela, “paranaense de coração”.  Os desafios do início da titularidade em outro estado foram recompensados pela troca genuína que a registradora estabeleceu com os moradores da cidade de 42 mil habitantes. “Aqui me sinto realizada tanto profissional quanto pessoalmente, pois foi em Campo Mourão onde nasceram minhas duas meninas: a Maria Fernanda e a Clara”, declarou Mariana.

Como titular, a registradora conta que o seu objetivo à frente da serventia é o de ser vista como “uma líder e não como chefe”. O que faz por meio de seu trabalho em proporcionar um ambiente saudável para seus colaboradores, além de incentivar outras mulheres a terem independência profissional, sendo bem-sucedidas e reconhecidas enquanto profissionais.

“Como acredito no aprendizado contínuo e na ajuda mútua aceitei, com honra, a missão de assumir a diretoria de uniformização da Aripar nas gestões dos presidentes Mariana Pozenato e Fernando Puppo com a intenção de padronizarmos a atuação dos registradores de imóveis do Paraná, sem extrapolar a liberdade de qualificação registral de cada um deles”, disse.

De acordo com Renata, os postos de liderança ocupados por mulheres carregam um aspecto especialmente particular e com a atuação como registradora de imóveis não é diferente. “Desde criança nós mulheres somos inspiradas a cuidar. Cuidar das nossas bonecas na infância, da família na vida adulta, da sociedade em nossa fase profissional, do nosso ambiente de trabalho, dos nossos colaboradores, dos problemas dos nossos usuários. São vários cuidados e todos fundamentais. Este é o verdadeiro empoderamento feminino”, afirmou. Para Renata “poder cuidar com independência e feminilidade de cada título que precisamos qualificar e registrar, sabendo que por trás há sempre um usuário que anseia por soluções jurídicas céleres e eficazes”.

A atuação de Mariana como registradora de imóveis contribuiu para o avanço das mulheres em postos de liderança desde que assumiu a serventia. A titular conta que já no início firmou parceria com outras instituições, como a OAB, para tratar de assuntos importantes ao exercício profissional e assim tornar a atividade mais conhecida.

“Nós mulheres, nos cobramos ser boas profissionais e boas mães. Muitas imaginam que para sermos boas profissionalmente, precisamos abrir mão da maternidade, ou deixá-la em segundo plano, mas não é verdade. Eu amo ser registradora de imóveis, assim como eu amo ser mãe. Acredito que exercendo a nossa profissão com seriedade, honestidade e empatia acabamos nos tornando exemplos naturais para outras pessoas e, também, para nossos filhos”.

Legado

As registradoras consideram que a dedicação é a palavra-chave quando se almeja ingressar na atividade extrajudicial.

“O concurso para ser agente delegada requer muita dedicação e abdicação. Não é fácil, mas o estudo precisa ser feito, bem como o investimento de nossa energia, dinheiro e tempo. Quanto mais focadas estivermos para a concretização deste propósito, acredito que mais rápido será obtenção do sucesso”, afirmou Mariana.

Caroline citou Charlie Chaplin: “A persistência é o caminho do êxito”. “Sonhe, planeje e execute, não tem como dar errado se fizer o seu melhor. Chegando lá, exerça a sua função com dedicação e nunca se esqueça de onde veio e do legado que deixará.”

“Atuar no extrajudicial me trouxe enorme satisfação em perceber que juridicamente podemos garantir às partes soluções rápidas para problemas complexos”, afirmou Renata. A registradora destaca ainda o movimento de desjudicialização e a importância do legislador brasileiro perceber as vantagens da desjudicialização ao outorgar ao extrajudicial diversas responsabilidades. “Trata-se de medidas que vem conferindo enorme economia ao Poder Judiciário, mas principalmente celeridade e segurança jurídica para a população. Participar ativamente deste processo é extremamente gratificante”, explicou.

Com um relato pessoal marcante, Mariana encoraja outras mulheres, afirmando ser essencial poder contar com o “apoio família e acreditar na vontade de Deus”.

“Em 2014 durante a minha preparação para a prova oral do concurso de SP eu quase desisti. Meu marido sofreu uma tentativa de assalto e chegou tetraplégico no hospital. Eu não tinha cabeça e nem força para estudar. Nesse período meus pais, Miguel e Ester, e meu marido, Gideone, foram fundamentais. Eles me fortaleceram na caminhada e foram meu alicerce. Não me deixaram desistir!”, relatou. “Por isso, não desistam. Aconteça o que acontecer, busquem força naqueles que estão ao seu lado e confiem em Deus. A aprovação certamente virá e quando ela chegar, trabalhe duro, de forma honesta, honre o tempo dedicado e faça o bem”, finalizou.

Fonte: Assessoria de Comunicação – Aripar

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